Infância Querida 2
Fiquei muito emocionada com o nascimento da querida e aguardada filha Sofia de meu primo. Minha prima passou meses em repouso e todos acompanhamos as cenas desta história. Estão as duas saudáveis e ótimas!
E me lembrei de nós primos Constantini pequenos, me lembrei de nossos apartamentos, de como era tudo tão simples e aconchegante.
Meu tio, único irmão da minha mãe, um empresário que na verdade e na essência sempre foi poeta, pintor e músico. Um homem lindo, por dentro e por fora, sofrido, sensível, com olhos penetrantes, uma pele morena, dentes muito brancos e uma voz e gargalhadas inconfundíveis. Às vezes paro para pensar se o vi mais chorando ou sorrindo. Lembro dele sem camisa, no sítio ou no calor de Ribeirão Preto, segurando o violão tocando Chico Buarque, especialmente João e Maria, tocando Gal, Betania e Elis. Sua casa, sempre com música, frutas lindas e doces, alegre, vibrante.
Minha tia, a delicadeza em pessoa, sua voz suave, risada deliciosa, uma mulher que sempre pareceu uma flor. E teve por destino 3 filhos e 6 sobrinhos homens e de menina somente euzinha. Nunca me esqueço de um dia que ela me levou ao shopping para escolher o meu presente de Natal, eu devia ter uns 11, 12 anos. Uma bermuda branca listrada de cinza e uma blusa vermelha. Amei, jamais me esqueci do presente e ainda mais do gesto. Nas vésperas do meu casamento, ela me trouxe sais de banho para eu relaxar. Penso nela e me vêem a palavra carinho.
Minha mãe perdeu a mãe muito cedo, aos 12 anos, meu tio tinha 14. Meu avô, impulsivo e egoísta, que Deus o tenha, separou os irmãos. Deixou minha mãe na casa da Santa Sofia e Seu Magid, avós maternos, sírios, muito ternos e cuidadores. Levou meu tio para a casa dos avós italianos, Francesco e Domenica. Mais duros, mais intelectualizados. Por mais que tente, não consigo imaginar como foi a vida da pequena Vera e do pequeno Roberto após perderem sua mãe querida não poderem ficar juntos na escuridão da noite. Meu avô ainda se casou logo depois com uma mulher que não aceitava minha mãe e meu tio. Mamãe muito Polyanamente, sempre lembrando das coisas boas, mas já a vi chorar muitas vezes lembrando de sua mãe que tão cedo partira, e de como ficar longe do meu tio foi penoso. Tio Be, tantas vezes já chorou e nos fez chorar contando mil e uma histórias de sua infância e adolescência.
A vida sorriu muito para eles depois. Apesar de doenças e superações por que passaram, tiveram seus filhos e formaram 2 famílias muito unidas, tem netos, vida, vida, vida!
E hoje, com lágrimas nos olhos me lembro das nossas idas ao sítio, da piscina na frente da casa tão simples, com as bóias de borracha pretas… dos fusquinhas em que andávamos, das bicicletas que passavam de um pra outro. E me deu uma saudades imensa… uma saudades de um tempo que não volta mais, e momentos que na época eram apenas a nossa vida e que hoje são tão perfeitos em minha lembrança.
Vem João e Maria de Chico na minha cabeça, “Agora eu era o herói…”, sentia a tristeza desta música desde pequena, uma apologia a infância e inocência, hoje ela faz todo sentido, mas ela dói de maneira diferente. Dói porque minha infância não vai mais voltar… e eu não sou mais “a princesa que fiz coroar” e sim, talvez “o louco a perguntar o que é que a vida vai fazer de mim”. Saudades imensa de ser apenas, pequenina.
Que Lindo Renata!!! fiquei arrepiada de emocao, sabe qdo arrepia??? Vc escreve com sensibilidade e eficiencia. Parabens.
bjus
Helo querida, que bom que vc gostou. Acho que só sei escrever com o coraçao mesmo… tento escrever mais concretamente, mas nao sai… rsrsrs. Beijos